Este poema começa no verão,
os ramos da figueira a rasar
a terra convidavam a estender-me
à sua sombra.Nela
me refugiava como num rio.
A mãe ralhava:A sombra
da figueira é maligna,dizia.
Eu não acreditava,bem sabia
como cintilavam maduros e abertos
seus frutos aos dentes matinais.
Ali esperei por essas coisas
reservadas aos sonhos.Uma flauta
longínqua tocava numa écloga
apenas lida.A poesia roçava-
-me o corpo desperto até ao osso,
procurava-me com tal evidência
que eu sofria por não poder dar-lhe
figura:pernas,braços,olhos,boca.
Mas naquele céu verde de agosto
apenas me roçava,e partia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário