domingo, 9 de dezembro de 2007

LUME DE INVERNO


O lume. O lume rasteiro. O lume

ainda. Vem de tão longe. Da casa

térrea sobre a eira,

casa onde qualquer coisa pequena

pulsava: um coração,

a água no cântaro,

o trigo a crescer.

Era tão pequeno que nem sabia

como pedir uma laranja,

um pouco de pão.

Menos ainda,um beijo.

Parecia só saber

estender as mãos para aquele sol

rasteiro e para o olhar

que dos sortilégios do lume

o defendia.


De Eugénio de Andrade

Imagem "retirada" de blog.joaogrilo.com


4 comentários:

Sei que existes disse...

Lindo poema!
Beijo grande

Anônimo disse...

Como não sou especialista em crítica literária, tenho de me ficar pelo lugar comum: belo poema.
Gostei.

Cláudia Cassoma disse...

magnifico...

Cláudia Cassoma disse...

magnífico, simplesmente lindo