sábado, 1 de dezembro de 2007

TEMPO DE NÃO TEMPO DE SIM


"Chegou um tempo em que a vida é uma ordem"

CARLOS DRUMOND DE ANDRADE


Eis que de novo chega um tempo de batalhas.

Chega um tempo de povo. Tempo de viver

ou morrer. Chega um tempo de romper as malhas

que um tempo-aranha tece para nos prender

nas teias de cadeias malhas de muralhas.


Chega um tempo de massa.Tempo revolucionário.

Tempo de negação. Afirmação. Transformação.

Chega um tempo em que o poeta - mesmo o solitário -

já não está só: é só mais um na multidão.

Tempo de ver em cada coisa o seu contrário.


Chega um tempo febril. Fabril. Tempo de sín-

tese. Tempo de guerra. Tempo de mudança.

Chega um tempo de não. Chega um tempo de sim.

Tempo de desespero. Tempo de esperança.

Chega um tempo de início num tempo de fim.


Chega um tempo de agir no sentido do Tempo

tempo de se ganhar o tempo já perdido

tempo de se vencer o tempo - contratempo

para que o Tempo torne a ter sentido.

Chega um tempo de empunhar as armas do Tempo.


De MANUEL ALEGRE,in O CANTO E AS ARMAS

3 comentários:

Anônimo disse...

Que carga!
Que intenção!
Que peso!
Que actual!

Menina Marota disse...

Manuel Alegre: O Poeta...
Um abraço e grata pela partilha-
(Tenho esta edição datada de 1970 e tal...)

;))

Codinome Beija-Flor disse...

É mesmo tempo de VIVER.
Pois falta pouco tempo, porque o tempo passa rápid demais.
Bjo