sexta-feira, 14 de novembro de 2008

VIAGEM


Persegue-me na noite a voz do impossível,

Rebentam-me aos ouvidos as ampolas de sangue.

Avanço devagar para a hidra intangível

Que dorme no horizonte do lado do levante.

Fascinam-me o mistério do seu rosto sem nome,

O muro de silêncio que a separa de mim,

A jornada no escuro,os perigos,os escombros,

As barreiras de sombra a que vou pondo fim.


Avanço devagar para a hidra que dorme

O seu sono latente na véspera de mim.


E percorro países como esqueço palavras

E atravesso rios como desprezo leis

E pairo nas alturas com as costas voltadas

Aos séculos de pasmo que para trás deixei.


Avanço devagar para a hidra que dorme

O seu sono de pedra num abismo sem fundo.


É a hora em que a terra não gira,

Em que o vento não corre.

É o tempo do homem descobrir o mundo.


De Ary dos Santos

4 comentários:

vero disse...

Ary dos Santos... simplesmente fabuloso!!!

Beijinhos meu amigo

Codinome Beija-Flor disse...

Ah! eu vnhi aqui e esqueço de todas as coisas ruins do mundo, porque poesia é todo de bom.
bj

vero disse...

" O Poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente..."

Aqui fica a minha "resposta" ao comentário que fez ...


Beijinhos meu amigo

Anônimo disse...

Belíssimo!

E diria que Ary é único...