Persegue-me na noite a voz do impossível,
Rebentam-me aos ouvidos as ampolas de sangue.
Avanço devagar para a hidra intangível
Que dorme no horizonte do lado do levante.
Fascinam-me o mistério do seu rosto sem nome,
O muro de silêncio que a separa de mim,
A jornada no escuro,os perigos,os escombros,
As barreiras de sombra a que vou pondo fim.
Avanço devagar para a hidra que dorme
O seu sono latente na véspera de mim.
E percorro países como esqueço palavras
E atravesso rios como desprezo leis
E pairo nas alturas com as costas voltadas
Aos séculos de pasmo que para trás deixei.
Avanço devagar para a hidra que dorme
O seu sono de pedra num abismo sem fundo.
É a hora em que a terra não gira,
Em que o vento não corre.
É o tempo do homem descobrir o mundo.
De Ary dos Santos
4 comentários:
Ary dos Santos... simplesmente fabuloso!!!
Beijinhos meu amigo
Ah! eu vnhi aqui e esqueço de todas as coisas ruins do mundo, porque poesia é todo de bom.
bj
" O Poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente..."
Aqui fica a minha "resposta" ao comentário que fez ...
Beijinhos meu amigo
Belíssimo!
E diria que Ary é único...
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