quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

SE...


Se é possível conservar a juventude
Respirando abraçado a um marco de correio;
Se a dentadura postiça se voltou contra a pobre senhora e a mordeu
Deixando-a em estado grave;
Se ao descer do avião a Duquesa do Quente
Pôs marfim a sorrir;
Se o Baú-Cheio tem acções nas minas de esterco;
Se na América um jovem de cem anos
Veio de longe ver o Presidente
A cavalo na mãe;
Se um bode recebe o próprio peso em aspirina
E a oferece aos hospitais do seu país;
Se o engenheiro sempre não era engenheiro
E a rapariga ficou com uma engenhoca nos braços;
Se reentrante,protuberante,perturbante,
Lola domina ainda os portugueses;
Se o Jorge(o "ponto" do Jorge!)tentou beber naquela noite
O presunto de Chaves por uma palhinha
E o Eduardo não lhe ficou atrás
Ao saír com a lagosta pela trela;
Se "ninguém me ama porque tenho mau hálito
E reviro os olhos como uma parva";
Se Mimi Travessuras já não vem a Lisboa
Cantar com o Alberto...

...Acaso o nosso destino,tac!,vai mudar?


De Alexandre O'Neill

2 comentários:

Maria disse...

o poema é lindo e a fotografia belíssma e extremamente adequada! adoro! :-)
beijo.

Anônimo disse...

É um dos tons que mais aprecio no O'Neill...