Senhor arcanjo
Vamos jantar!
Caem os anjos
Num alguidar
Hibernam tíbias
Suspiram rãs
Comem orquídeas
Nas barbacãs
Entra na porta
Menino-faia
Prova uma torta
Desta papaia
Palita os dentes
Põe-te a cavar
Dormem videntes
No Ultramar
Que bela fita
Que bem não está
A prima Bia
De tafetá
Come um repolho
E vai o lente
Parte-se um pente
Fura-se um olho
A pacotilha
Tem mais amor
À gargantilha
Do regedor
Põe a gravata
Menino bem
Que essa cantata
Não soa bem
Senhor arcanjo
Vamos jantar
Caem os anjos
Num alguidar
E as quatro filhas
Do marajá
Vão de patilhas
Beber o chá
De José Afonso
Nos 23 anos da sua morte
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
TOMA TOMA TOMA
Ainda prefiro os bonecos de cachaporra,
contundentes,contundidos,esmocados,
com vozes de cana rachada e um toma toma toma
de quem não usa a moca para coçar os piolhos,
mas para rachar as cabeças.
O padreca,o diabo,a criadita,
o tarata,a velha alcoviteira,o galã
e,às vezes,um verdadeiro rato branco trapezista,
tramavam para nós uma estafada estória
da nossa própria vida.
Mundo de pasta e de trapo
que armava barraca em qualquer canto
e sem contemplações pela moral de classe
nem as subtilezas de quem fica ileso
desancava os maus e beijocava os bons.
Ainda prefiro os bonecos de cachaporra.
Ainda hoje esbracejo e me esganiço como esses
matraquilhos da comédia humana.
De Alexandre O'Neill
contundentes,contundidos,esmocados,
com vozes de cana rachada e um toma toma toma
de quem não usa a moca para coçar os piolhos,
mas para rachar as cabeças.
O padreca,o diabo,a criadita,
o tarata,a velha alcoviteira,o galã
e,às vezes,um verdadeiro rato branco trapezista,
tramavam para nós uma estafada estória
da nossa própria vida.
Mundo de pasta e de trapo
que armava barraca em qualquer canto
e sem contemplações pela moral de classe
nem as subtilezas de quem fica ileso
desancava os maus e beijocava os bons.
Ainda prefiro os bonecos de cachaporra.
Ainda hoje esbracejo e me esganiço como esses
matraquilhos da comédia humana.
De Alexandre O'Neill
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
A MINHA DUREZA
Por sobre cem degraus tenho que avançar,
Tenho que subir - e ouço-vos gritar:
"És duro! Acaso somos feitos de calhau?"
Por sobre cem degraus tenho que avançar,
E ninguém gosta de servir de degrau.
De F.Nietzsche
Assinar:
Postagens (Atom)