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quarta-feira, 18 de março de 2009

SER FELIZ


Posso ter defeitos,viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios,incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica,mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas,um dia vou construir um castelo...
De Fernando Pessoa
Um contributo de MC

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

CAEIRO


Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.


Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?


Não creio no infinito,não creio na eternidade.


Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba


E que agora e antes d'isso ha absolutamente nada.


Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,


E que antes e depois d'isso não havia tempo.


Porque ha-de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos


Como se soubessemos o que são de os podermos entender.


Não:tudo é uma quantidade de cousas.


Tudo é definidi,tudo é limitado,tudo é cousas.




De Fernando Pessoa


Poema inédito,sem data,transcrito por Jerónimo Pizarro

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O INFANTE


Deus quer,o homem sonha,a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda una,
Que o mar se unisse,já não separasse.
Sagrou-te,e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou,correndo,até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira,de repente,
Surgir,redonda,do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar,e o Império se desfez.
Senhor,falta cumprir-se Portugal!

De Fernando Pessoa (1888 - 1935)

sábado, 12 de abril de 2008

LIBERDADE


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar? nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre,bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa,essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papeis pintados com tinta.
Estudar? Uma coisa que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor,quando há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia,a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores,música,o luar, e o sol que peca
Só quando,em vez de criar,seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

De Fernando Pessoa
Retrato pintado por Mestre Almada