domingo, 14 de setembro de 2008
À BAILARINA
Ela dança com todos os anos
desperta e serena
e sem perguntas sorri
ela caminha
ela vive e respira
comigo convosco
em qualquer parte do mundo
nasceu na infância e acordou hoje
Se escrevo este poema
onde ela dança
é tão-só porque vi hoje o mar
e corri na areia a seu lado
Se existe um pouco de ar
ou todo o ar
e nele apenas somos sem disfarce
para sermos quem somos
é porque pisei a praia dura e fresca
e rolámos como as ondas na areia
Ela dança e vive
na claridade do amigo
no espaço da cozinha
na luz do mosaico
na madeira brilhante
ao sol que entrou em casa
A flor estava na mesa
e eu vi a flor
e vi o raio de sol
e as suas pernas de bailarina
ao longo do corredor
Hoje ainda é dia
diz o seu rosto
Amanhã é dia
diz o seu andar
Um dia diferente
o que há-de vir
Amanhã será diferente
Ó bailarina minha
dou-te esta rosa hoje
por ser o dia de hoje
e por tu existires
tão amanhã em mim
De António Ramos Rosa
Pintura de Degas
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