quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

TRINTA DINHEIROS


No bengaleiro do mercado público
penduraram o coração.
Vestem o fato dos domingos fáceis.
Não têm rosto
têm sorrisos muitos sorrisos
aprendidos no espelho da própria podridão.
Têm palavras como sanguessugas.
Curvam-se muito.
As mãos parecem prostitutas.
Alma não têm. Penduraram a alma.
Por fora parecem homens.
Custam apenas trinta dinheiros.
De Manuel Alegre,in A Praça da Canção

Um comentário:

Anônimo disse...

De quem falaria ele, então?

A quem se referirá, hoje?

Gostei

mc