quarta-feira, 10 de junho de 2009
Excerto da "Carta a António Pereira,Senhor do Basto,Quando se Partiu para a Corte co`a Casa Toda"
Como eu vi correr pardaus
Por Cabeceiras de Basto,
cresceram cercas e gasto,
vi,por caminhos tão maus,
tal trilha e tamanho rasto.
Logo os meus olhos ergui
à casa antiga e à torre,
e disse comigo assi:
"Se Deus não nos val aqui,
perigoso imigo corre!"
Não me temo de Castela,
donde inda guerra não soa;
mas temo-me de Lisboa,
que,ao cheiro desta canela,
o Reino nos despovoa.
E que algum embique e caia,
(afora vá o mau agouro!)
falar por aquela praia
da grandeza de Cambraia,
Narsinga das torres d'ouro!
Ouves,Viriato,o estrago
que cá vai dos teus costumes?
Os leitos,mesas e os lumes,
todo cheira: eu óleos trago;
vem outros,trazem perfumes.
E ao bom trajo dos pastores,
com que saíste à peleja
dos Romãos tam vencedores,
são mudados os louvores;
não há quem t'haja enveja.
...
De Sá de Miranda
Publicado em "A Morte de Portugal",de Miguel Real(Campo das Letras)
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3 comentários:
Com'eu vejo correr pardaus
por estes fartos pastos
prós pipis de balandrau
de que estamos todos bem fartos!
Para correr com a tralha,
no dia de Portugal,
pareceu-me avisado
ressuscitar Viriato.
Seria o sinal!
Para uma grande malha!
Assim de cabeça, ocorre-me a Nau Catrineta, quando se pede ao moçoilo do mastro que aviste Terras de Espanha e praias de Portugal...
Portugal é mais praias,... malhamos uns nos outros, às vezes, se ninguém der por isso, mas depois vamos todos para a praia tomar sol...
:-)
se chove fazemos poemas! :-)
Portugal é fixe! Sabe nadar!
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