Esta luz sobre os flancos
da pedra os seus cavalos
brancos
explosão solar dos cardos
ácida luz de areias
esta lâmina este grito
gume esperma
penetrando fendas frestas
esta luz amassada
na festa dos lábios
numa lágrima
nos espelhos
febre das lâmpadas
esta luz de rastos
lambendo a cal os pés
a cintura
esta luz à deriva
nos lençóis na espuma
exígua luz dolente
dividida
entre a música das mãos
e o silêncio do muro
esta luz tropeçando
desmaiando no escuro
(Julho,1976)
De EUGÉNIO DE ANDRADE
Um comentário:
Denso. Forte. De rara beleza.
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