terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

E LEVANTAM-SE AS PESSOAS


E levantam-se as pessoas

Como quem se adormecesse.

Preparam-se para o sono

De uma vigília nas ruas

Nas casas e nos empregos.


E naufragam e sufocam

Nas avenidas do Tempo.

Conversam como quem fecha

Creches gaiolas enterros

- Crianças aves e mortos.


Nos sorrisos e nos risos

Na lucidez dos reflexos

Pensam os tristes dos homens

Ganhar os dias correndo.

Mas são retidos nas sombras.

São amarrados ao vento.

São sacudidos em potros

E forcas de entendimento.

Eles que são cabeleiras,

Nas chuvas de outros intentos

Nos rios e nas goteiras.


E levantam-se as pessoas

Como quem fosse viver.


Dá o Sol por sobre o Dia

Faz o dia apodrecer.


(Maduro quer dizer Morte

Com toda a sabedoria)


Deitam-se então as pessoas

Para a morte de outro dia


De Natércia Freire

Imagem retirada de lunatica.blogs.sapo.pt

Um comentário:

Codinome Beija-Flor disse...

Poesia tem esse poder, dá beleza até pra morte.
Abraços