Tempo de compras e vendas,
Tempo de vendas e compras.
Ai perfil, tempo de lendas
Ai Tempo, perfil de sombras.
As vendas dão suas rendas.
As rendas dão suas compras.
E o que se compra com lendas
Vende-se em somas redondas.
Lembra-te Morte das vendas
Das ofertas que não compras
Abre as cortinas. Arreda
Tuas clareiras sem sombras.
Por um espaço que desvendas.
Pelas misérias que sondas
Nos crimes dos camaradas
Que assinam, por sobre as ondas
Do amor,fuzilamentos,
Deportações, hediondas
Assinaturas de vendas
Ao preço de suas compras.
Pois que dormes,não acordas.
Mas se acordas,não entendas
O longo soar das cordas
O longo fluir das lendas.
Pois se entendes,paira em sombras.
Pois se os entendes, não vendas
À poesia de imaturos
A poesia dos mais puros.
Pois se os entendes, não vendas
Aos irmãos dos assassinos,
A poesia dos meninos.
Ó Morte que és imortal
E tens um reino sem Tempo
E separas a verdade
Da mentira a fogo lento,
Tu que segues fascinada
Os dias aventureiros,
Te deitas com os amantes
E com os santos primeiros,
Tu que possuis, possuída
Pela vida a tua morte,
Pela morte a tua vida,
Traça,no ar, os sinais
Dessas fugazes histórias,
Esconjura, ao som de metais,
Vermes,vómitos,vitórias
Desses anões ancestrais
Mercadores de velhos cais
Mas marinheiros jamais!
Agiotas,agiotas.
Fotografia de NILTON PAVIN
Um comentário:
Mulher de fibra. De garra.
mc
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