sexta-feira, 28 de março de 2008

AGIOTAS




Tempo de compras e vendas,

Tempo de vendas e compras.

Ai perfil, tempo de lendas

Ai Tempo, perfil de sombras.


As vendas dão suas rendas.

As rendas dão suas compras.

E o que se compra com lendas

Vende-se em somas redondas.


Lembra-te Morte das vendas

Das ofertas que não compras

Abre as cortinas. Arreda

Tuas clareiras sem sombras.


Por um espaço que desvendas.

Pelas misérias que sondas

Nos crimes dos camaradas

Que assinam, por sobre as ondas

Do amor,fuzilamentos,

Deportações, hediondas

Assinaturas de vendas

Ao preço de suas compras.


Pois que dormes,não acordas.

Mas se acordas,não entendas

O longo soar das cordas

O longo fluir das lendas.


Pois se entendes,paira em sombras.

Pois se os entendes, não vendas

À poesia de imaturos

A poesia dos mais puros.

Pois se os entendes, não vendas

Aos irmãos dos assassinos,

A poesia dos meninos.


Ó Morte que és imortal

E tens um reino sem Tempo

E separas a verdade

Da mentira a fogo lento,

Tu que segues fascinada

Os dias aventureiros,

Te deitas com os amantes

E com os santos primeiros,

Tu que possuis, possuída

Pela vida a tua morte,

Pela morte a tua vida,

Traça,no ar, os sinais

Dessas fugazes histórias,

Esconjura, ao som de metais,

Vermes,vómitos,vitórias

Desses anões ancestrais

Mercadores de velhos cais

Mas marinheiros jamais!


Agiotas,agiotas.



Fotografia de NILTON PAVIN

Um comentário:

Anônimo disse...

Mulher de fibra. De garra.
mc