Tu lhes dirás,meu amor,que nós não existimos.
Que nascemos da noite,das árvores,das nuvens.
Que viemos,amámos,pecámos e partimos
Como a água das chuvas.
Tu lhes dirás,meu amor,que ambos nos sorrimos
Do que dizem e pensam
E que a nossa aventura,
É no vento que passa que a ouvimos,
É no nosso silêncio que perdura.
Tu lhes dirás,meu amor,que nós não falaremos
E que enterrámos vivo o fogo que nos queima.
Tu lhes dirás,meu amor,se for preciso,
Que nos espreguiçaremos na fogueira.
De Ary dos Santos
Um comentário:
Magnífico.
Conquanto marcada por uma métrica menos usual nele, geralmente mais vigorosa e truculenta.
Esta, de mais sereno arroubo, é igualmente fantástica - mas não menos contundente.
mc
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