A que morreu às portas de Madrid,
com uma praga na boca
e a espingarda na mão,
teve a sorte que quis,
teve o fim que escolheu.
Nunca,passiva e aterrada,ela rezou.
E antes de flor,foi,como tantas,pomo.
Ninguém a virgindade lhe roubou
depois de um saque - antes a deu
a quem lha desejou,
na lama dum reduto,
sem náuseas,mas sem cio,
sob a manta comum,
a pretexto do frio.
Não quis na retaguarda aligeirar
entre champanhe,aos generais senis,
as horas de lazer.
Não quis,activa e boa,tricotar
agasalhos pueris,no sossego dum lar.
Não sonhou minorar,
num heroísmo branco,
de bicho de hospital,
a aflição dos aflitos.
Uma noite,às portas de Madrid,
com uma praga na boca,
e a espingarda na mão,
à hora tal,atacou e morreu.
Teve a arte que quis.
Teve o fim que escolheu.
In Poemas,de Reinaldo Ferreira
2 comentários:
Para mim, menos conhecido bardo.
Mas gostei.
Da garra e do ácido.
mc
excelente
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