
Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito,não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d'isso ha absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,
E que antes e depois d'isso não havia tempo.
Porque ha-de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não:tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definidi,tudo é limitado,tudo é cousas.
De Fernando Pessoa
Poema inédito,sem data,transcrito por Jerónimo Pizarro