segunda-feira, 25 de abril de 2011

45 ANOS DEPOIS

Quarenta e cinco anos depois
o mundo deu muitas voltas
atravessámos muitos sóis
e deixámos pontas soltas
gostámos
sofremos
combatemos
resistimos e ganhámos
vale a pena viver
e em dose dupla comemorar
esta nossa data de liberdade
para ti
minha querida
rosas do campo com verdade.
25 de Abril de 1966

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A MORTE DE CALAR

As viagens que sou prenderam-se em redomas
Ao corpo das palavras.À morte de calar.
Do alfabeto meu ignoro as cristalinas
Formas de aladas letras nestes versos finais.
São fantasmas de sol.São fantasmas de sede
Que chegam alta noite para nenhum lugar.

Decifro nas entranhas das trevas migradoras
O solstício da vida além da morte clara.
Mas quem me vem cegar,com setas voadoras,
Nega-me agora a paz das secretas paisagens.

Meus Irmãos de astronaves,guiadas por um morto,
Que me esperam e estão,que me cantam e falam.
Que na vazia Cruz crucificam meu corpo
E abandonam a flor,mesmo a meio da sala.
À janela rasgada,para as cinzentas águas,
Encostam-me,sem olhos,e deixam-me ficar.

       Não tenho nada mais a escrever sobre as ondas.
       E,mesmo que tivesse,ninguém leria o Mar.

De Natércia Freire