domingo, 25 de outubro de 2009

CRISTÓBAL MIRANDA

Te conocí,Cristóbal,en las lanchas
de la bahía,cuando baja
el salitre,hacia el mar,en la quemante

vestidura de un día de Noviembre.
Recuerdo aquella extática apostura,
los cerros de metal,el agua quieta.
Y sólo el hombre de las lanchas,húmedo
de sudor,moviendo nieve.
Nieve de los nitratos,derramada
sobre los hombros del dolor,cayendo
a la barriga ciega de las naves.
Allí,paleros,héroes de una aurora
carcomida por ácidos,sujeta
a los destinos de la muerte,firmes,
recibiendo el nitrato caudaloso.
Cristóbal,este recuerdo para ti.
Para los camaradas de la pala,
a cuyos pechos entra el ácido
y las emanaciones asesinas,
hinchando como  águilas aplastadas
los corazones,hasta que cae el hombre,
hasta que rueda el hombre hacia las calles,
hacia las cruces rotas de la pampa.
Bien,no digamos más,Cristóbal,ahora
este papel que te recuerda,a todos,
a los lancheros de bahía,al hombre
ennegrecido de los barcos,mis ojos
van con vosotros en esta jornada
y mi alma es una pala que levanta
cargando y descargando sangre y nieve,
junto a vosotros,vidas del desierto.


De Pablo Neruda (Palero-Tocopilla),in "Canto General"

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ODE DE AMOR À FLORIANÓPOLIS


Bendita seja a trilha dos Naufragados,
Bendito seja o bar do Arantes,seus bilhetinhos,sua culinária e energia,
Bendita seja a Costa da Lagoa e o por do sol visto do Restaurante do Jajá,
Bendita a Barra da Lagoa na prainha,
Bendito TAMAR na Barra da Lagoa,
Bendita praia do Matadeiro e o ecológico bar do Marcão,
Bendito Spinoza no mercado,à tardinha,para ver os manezinhos pós-expediente e fazer novos amigos,
Bendito cineminha em qualquer sala Cinemark do Shopping Floripa,
Bendito seja o passeio no Ribeirão da Ilha,
Bendito centrão e a figueira da praça XV e o calçadão ao entardecer,
Bendita feirinha dominical na Lagoa e seus produtos naturebas,
Bendita UFSC e as universidades particulares,onde se pode conhecer gente de todo o Brasil e do mundo inteiro,
Bendito fato de poder subir à serra,ir a Lages e curtir a neve e o povo hospitaleiro,
Benditas massagens,sauna e águas termais públicas de Santo Amaro da Imperatriz,
Bendita e linda Guarda e seu mirante na última pousada,
Bendita praia da Rosa para ver as baleias,
Bendita praia Brava e sua angelitude fora da temporada,
Bendita trilha da Galheta,
Bendita ciclovia na avenida Beira-mar e as lindas gurias de byke,
Benditas exposições e cafezinho no Angeloni,
Bendita lojinha do presídio com suas redes artesanais feitas de madeira,
Bendita Casa Ecológica da UFSC,
Bendito shopizinho da Trindade e o bar da praça à tardinha,
Bendito o Kobrasol e o divino camarão à milanesa do Bocas,
Bendito seja o Morro das Pedras e o botequinho à beiramar,
Bendito "El Mexicano" para dançar e "John Bull" e seus shows maravilhosos,
Bendito casario e casa de artesanato ao lago da igreja em Santo António de Lisboa,assim como todos os artistas de Floripa e o seu imperdível café,
Bendita beleza de Sambaqui,
Bendita quietude da Cachoeira do Bom Jesus,
Bendita peixaria do Negrão,nos Ingleses,
Bendita abundância de comida no restaurante Terezas,em Canasvieiras,
Bendita beleza das imensas rochas na Armação,
Benditas dunas gigantes da Joaquina,
Bendito povo nativo que me acolheu com carinho,
Bendito seja Deus que me permitiu morar aqui,a dez metros do mar,nesta bela e Santa Catarina.
Amém.
Poema e fotografia de James Pizarro



segunda-feira, 12 de outubro de 2009

LISBOA


Esta névoa sobre a cidade,o rio,

as gaivotas doutros dias,barcos,gente

apressada ou com o tempo todo para perder,

esta névoa onde começa a luz de Lisboa,

rosa e limão sobre o Tejo,esta luz de água,

nada mais quero de degrau em degrau.


De Eugénio de Andrade

terça-feira, 6 de outubro de 2009

PRESENÇA DE ULISSES


...
- Procuro-te porque os Poetas não gostam de encontrar.
São poetas porque a Poesia lhes foge. Foge,Ulisses.Procuro-te,Poesia.
De Natércia Freire

sábado, 3 de outubro de 2009

O OLHAR...


A claridade coroa-se de cinza,eu sei:
é sempre a tremer que levo o sol à boca.

O olhar desprende-se,cai de maduro.
Não sei que fazer de um olhar
que sobeja na árvore,
que fazer desse ardor

que sobra na boca,
no chão aguarda subir à nascente.
Não sei que destino é o da luz,
mas seja qual for

é o mesmo do olhar:há nele
uma poeira fraterna,
uma dor retardada,alguma sombra
fremente ainda

de calhandra assustada.

De Eugénio de Andrade