domingo, 10 de maio de 2009

VERÃO SOBRE O CORPO


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Entre os amieiros escondíamos a roupa e nus os olhos caíam sobre a tímida erecção o sexo ladeado já por uma sombra leve e crespa diáfano labirinto dos dedos corríamos pela relva assim os cães se perseguiam se lambem uns aos outros caíamos sobre a boca entre as pernas um rumor de saliva uma áspera doçura pois era o tempo dos medronhos.

Entre a poeira que o rebanho levanta,onde vais,meu ténue rapazinho,o coração de águas estreitas,um pássaro que o costil estrangulou ainda quente por dentro da camisa..

Como se houvesse um incêndio de giestas para atravessar,eu não dormia.
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excertos de Eugénio de Andrade

Um comentário:

mc disse...

Bravo, Eugénio!