Ainda prefiro os bonecos de cachaporra,
contundentes,contundidos,esmocados,
com vozes de cana rachada e um toma toma toma
de quem não usa a moca para coçar os piolhos,
mas para rachar as cabeças.
O padreca,o diabo,a criadita,
o tarata,a velha alcoviteira,o galã
e,às vezes,um verdadeiro rato branco trapezista,
tramavam para nós uma estafada estória
da nossa própria vida.
Mundo de pasta e de trapo
que armava barraca em qualquer canto
e sem contemplações pela moral de classe
nem as subtilezas de quem fica ileso
desancava os maus e beijocava os bons.
Ainda prefiro os bonecos de cachaporra.
Ainda hoje esbracejo e me esganiço como esses
matraquilhos da comédia humana.
De Alexandre O'Neill
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