terça-feira, 4 de março de 2008

NÃO


Não formar nenhuma ideia

Do que somos ou seremos

Mas entre as vozes que fogem

Precisar o que dizemos.

Dormir sonos ante-céus

Abismos que são infernos.

Dormir em paz. Dormir em paz,

Enfim a nota segura.

Lembrar pessoas e dias

Que penetraram no espaço

De eventos primaveris.

E dar a mão aos espectros

Beijá-los lendas,perfis.

Amar a sombra,a penumbra

Correr janelas e véus.

Saber que nada é verdade.

Dizer amor ao deserto

Abraçar quem nos ignora

Dormir com quem não nos vê

Mas precisar do calor.

De quem nunca nos encontra.


De Natércia Freire

Ilustração de Mário Silva

Um comentário:

Sei que existes disse...

É um lindo poema!
Beijocas grandes