terça-feira, 18 de novembro de 2008

NADA QUE TIVE ERA MEU


Nada que tive era meu.
Perdi estradas,perdi leito.
Na pedra onde me deito
Nada fala de alvos linhos.
Se,com cegos,me aventuro,
A caminhar rente aos muros,
É que meus olhos impuros
Sonham Cristo nos caminhos.

Nada que tive era meu
E o corpo não quero eu.
Podia servir de embalo,
Mas serve de sepultura.

Cemitério de asas finas,
Tange e plange aladas crinas,
Canto de praias sulinas
De infinitas amarguras...

De Natércia Freire
Pintura de Dali

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo!

"Falar de poesia parece-me sempre impossível" - observava Sophia M. B. A.

mc