sexta-feira, 7 de novembro de 2008

NINGUÉM ME VENHA DAR VIDA


Ninguém me venha dar vida,

que estou morrendo de amor,

que estou feliz de morrer,

que não tenho mal nem dor,

que estou de sonho ferida,

que não me quero curar,

que estou deixando de ser

e não me quero encontrar,

que estou dentro de um navio

que sei que vai naufragar,

já não falo e ainda sorrio,

porque está perto de mim

o dono verde do mar

que busquei desde o começo,

e estava apenas no fim.


Corações por que chorais?

Preparai meu arremesso

para as algas e corais.


Fim ditoso,hora feliz:

guardai meu amor sem preço

que só quis a quem não quis.


De Cecília Meireles

(Rio de Janeiro, 1901-1964)

5 comentários:

Anônimo disse...

Bonito poema.
Cecília Meireles é (foi)uma poetisa de grande valor.
Gostei.

mc

Codinome Beija-Flor disse...

Quando o amor vem e nem sempre pode ser correspondido.
Queremos a morte assim.
Bjos

Beth/Lilás disse...

Que maravilha Cecília!
Muito legal vc ter postado aqui um poema dela hoje, no aniversário de seu nascimento. Ela merece nossa lembrança.
Linda escolha a sua!
abraço serrano geladinho

Roany disse...

Minha poesia preferida.
Cecília <3

Anônimo disse...

é lindo, pefeito um poema assim tão belo! toca dentro de nossa alma!