domingo, 15 de fevereiro de 2009

É ASSIM


É assim:
a gente despede-se,vai-se
embora amaldiçoando a terra,
carrega amargura que nem o diabo
aguenta; com o tempo vai
esquecendo injustiças,mágoas,
injúrias,morrendo por regressar
ao cheiro da palha seca,ao calor
animal do estábulo,
ao sonho do quintalório
com três alqueires de milho ao sol
e dois pinheiros bravos - -
porque não há no mundo
outro lugar onde
enfim dê tanto gosto chafurdar.
De Eugénio de Andrade

Um comentário:

Anônimo disse...

Eugénio de Andrade é frequentemente um poeta que utiliza registos fortes...
Talvez se pudesse dizer que é o poeta da verdade por vezes bem crua.
Grande, grande é este vate que alguns consideram o maior da nossa lingua pátria.
Bravo, Eugénio.

mc