quinta-feira, 18 de junho de 2009

MORREU AO AMANHECER


Noite de quatro luas
e uma única árvore,
com uma única sombra
e um único pássaro.
Busco na minha carne as
pegadas de teus lábios.
Beija a nascente o vento
sem o tocar.
Levo o Não que me deste,
sobre a palma da mão,
como um limão de cera
quase branco.
Noite de quatro luas
e uma única árvore.
Na ponta de uma agulha
está meu amor -- girando!
De Frederico García Lorca
Fotografia "picada" de llena.com/blog/?m=200807

2 comentários:

mc disse...

"Busco na minha carne as
pegadas de teus lábios."

Saravá, meu irmão Frederico

vero disse...

Esse poema de Frederico Gracia é um dos meus preferidos, deixo-te outro que eu também gosto muito :)



"do amor desesperado


A noite não quer vir
para eu tu não venhas,
nem eu posso ir.

Mas eu irei

nem que um sol de lacraus me devore a fronte.


Mas tu virás
com a tua língua queimada pela chuva de sal.

O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei
entregando aos sapos meu cravo mordido.



Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.

Nem a noite nem o dia querem vir
para que eu por ti morra
e tu morras por mim."


Beijinhos meu amigo