Vejo o filho levado pela mosca
e estremeço de horror!
Tirado do berço pela mosca,
aprende,aos ziguezagues,a ser vítima da mosca,
mas não chora: um homem nunca chora.
A mosca agiganta-se,o filho diminui.
Um ruído de ventoínha invade o quarto.
Passa por mim a mosca,passa em tromba.
Vi com estes que a terra há-de comer
meu róseo filho que sorria!
Ó meu filho arrebatado que inocência a tua!
Essa fera peluda vai sugar-te
e tu sorris fininho,entre divertido e assustado,
como se a tripulasses num carrocel de feira!
E eu para aqui,tão caçador de moscas
numa infância tão aferroada,
sem um gesto,sequer uma palavra...
Mas de repente a mão disparo
no mesmo assomo de colegial
perseguidor de moscas (era nas aulas de moral...)
e enquanto na direita a mosca se interroga,
na concha da mão esquerda o filho cai - e chora!
De Alexandre O'Neill
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