segunda-feira, 1 de março de 2010

COMO OS LOBOS

 
Fujo dos homens
Como os lobos fogem
          E não me sinto lobo.

Escondo-me em fojos
Como os lobos fazem
          E não me sinto lobo.

Ergo à Lua o meu uivo angustiado
           E não me sinto lobo.

Os meus ouvidos outros
Ouvem queixas
De lobos espectrais.
E não me sinto lobo.

Alvejaram-me a tiro
Entre os olhos leais
E não me sinto lobo.

Se estoiro como o lobo
Que também tem um astro
Repercutindo ânsias solitárias
Terríveis e humildes
Em esferas mudas várias
Deixo um rastro de sangue
Um invisível pasto
A vampiros humanos.

E assim na morte vamos
Lobos,irmãos,iguais.

De Natércia Freire

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