quarta-feira, 9 de abril de 2008

ÚLTIMO BILHETE


(um samba para Noel Rosa)

Este é o último bilhete
Que eu mando pra você
Afinal,não pega bem
Mandar recados
Para moça tão requintada
Podem pensar que é macete
De um cara mal intencionado...
Nesses tempos de amor de proveta
Um bom dia é cantada!
Amizade é coisa perigosa
Solidariedade nem se fala
É coisa do capeta
Melhor receber à bala
Pessoa tão perniciosa
E nunca foi minha intenção
Abalar sua reputação!
Muito pelo contrário
No fundo,sou um otário
Um gago apaixonado
Que acredita que o amor
É um bilhete premiado
E cai no conto do vigário
Compra gato por lebre
E canta sua paixão
Desafiando a febre
Dispensa o pára-quedas:
Fica no avião
Até beijar o chão
Tudo bem,é coisa minha
É,e sempre será
Uma questão de opção
E minha opção agora
É deixar em paz essa senhora
"Sem retrato,sem bilhete
Sem luar,sem violão."

De Gerson Deslandes,in Poetagem

Nenhum comentário: