
A pequena pátria;a do pão;
a da água;
a da ternura,tanta vez
envergonhada;
a de nenhum orgulho nem humildade;
a que não cercava de muros
o jardim nem roubava
aos olhos o desajeitado voo
das cegonhas; a do cheiro quente
e acidulado da urina
dos cavalos; a dos amieiros
à sombra onde aprendi
que o sexo se compartilhava;
a pequena pátria da alma e do estrume
suculento morno mole;
a da flor múltipla e tão amada
do girassol.
De Eugénio de Andrade
2 comentários:
Pequena pátria tão bem descrita como só um poeta pode fazer!
Afinal, o nosso universo de crianças, o mundo à nossa medida: o real, das paragens menos urbanas
mc
Apeteceu-me chorar, ao ver o girassol e ao ler o poema...
A sensibilidade de Eugénio de Andrade...
"...a pequena pátria da alma e do estrume
suculento morno mole;
a da flor múltipla e tão amada
do girassol."
Beijo
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