terça-feira, 27 de maio de 2008

A MASCARILHA


O sarcasmo veludo dos teus dedos
toca-me nas pálpebras.
Não há nenhum sorriso borboleta tonta que não morra
voando em torno do teu silêncio
nenhum olhar lantejoula que não brilhe
bordado no teu rosto
nenhum riso vidrilho que não fira
cromado nos teus dentes.

Amo-te meu amor aceso no lustre
da sala maior do nosso encontro
trémulo da música que ninguém ouve
máscara palavra que ninguém murmura
mármore convite incógnito que ninguém segreda.
Amo-te meu amor alcatifa persa
colorido mosaico dos minutos que invento
espelho de Veneza bailarina russa
de cabelos negros e de olhos de vento.
Amo-te meu amor decote de imperatriz
ave do paraíso anel de veneno
orquídea perfídia bordada a matiz
no rosto mistério que te não desvendo.

De Ary dos Santos

Um comentário:

Anônimo disse...

Denso.
Possessivo.
Fantástico.

mc