sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

OU ARCANJO OU LADRÃO


Ou arcanjo ou ladrão,
Devorador
De perfumes,
De corpos
E de mitos.
Rei nos países interditos.
Conviva solitário do festim
Em que a noite me chama à sua mesa,
Pescador de silêncios e jardins
Na cidade terrível e acesa.
Ou arcanjo ou ladrão. Destruidor
Da imagem do outro que transporto
Tatuada no peito.
Rosa de carne azul que me deslumbra
Quando penetro a noite com o sexo
Que a minha solidão tornou perfeito.
Assim vogo e arremeto pelos tempos,
Invisível Apolo citadino,
Falus de herói coroado de giestas,
Transgressor voluntário do destino,
Pé de cabra forçando o impossível,
Brisa azul esquivando-se entre os outros,
Com laivos de infinito nas passadas,
Lampejos de infinito nos olhos admiráveis
E flores de estrume a definir-me a testa
De Príncipe e Senhor dos intocáveis.

De Ary dos Santos

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