quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

COMEM DE NOITE



Comem de noite pelos caixotes.
Comem de noite.
Grandes famílias,sob capotes
Que são açoites.

             Sob capotes de chuva e pranto,
             Pátrias perdidas.
             Chave na porta,a cama à espera,
             A fuga à terra das suas vidas.

Cumpriram sonhos e não mataram.
Cruzaram sangues e não traíram.
Filhos de humildes embarcações
Árvores soltas de Áfricas vivas.

               Quem corta fitas de liberdade
               A sua gruda em fundos poços.
               Sumam-se contas de ambiguidade:
               Milhares de mortes,milhões de ossos.

Antes que o tempo cobre a verdade
Crescem as teias entre as aranhas.

                E muitos comem pelos caixotes
                Enquanto engordam estranhas espanhas.


De Natércia Freire

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