sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

(FLORIRAM POR ENGANO AS ROSAS BRAVAS)


Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas,meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos,alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos,que um momento
Perscutaram nos meus,como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda,em triunfo,pétalas,de leve
Juncando o chão,na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze - quanta flor - ,do céu,
Sobre nós dois,sobre os nossos cabelos?

De Camilo Pessanha (Coimbra, 1867 - 1926)

2 comentários:

mc disse...

A poesia clássica, por vezes, também é interessante.
(Para alguns... a única!)

aminhapele disse...

Sempre interessante,mas longe de ser a única.