quarta-feira, 11 de junho de 2008

AS PALAVRAS DOS HOMENS


Abriu-se uma cisterna em cada sílaba.

Não temos outro vinho amigo

só as nossas palavras

pequenas grandes como um homem

fortes e fracas

porque de barro.

Alegres e tristes

por vezes exaltadas

por vezes cantando baixo

mas nunca nunca resignadas.

Eis as nossas palavras simples e fraternas.


Em cada sílaba um alqueire de esperança.

Não temos outro pão amigo

só as nossas palavras

pequenas e grandes.

E de barro também.

Proibidas é certo. Porém livres

livres como um homem.


De Manuel Alegre,in A Praça da Canção

2 comentários:

Anônimo disse...

Voltasse ele a ser um grande político como é um grande poeta!

Digo eu...

mc

aminhapele disse...

Conheci o poeta,enquanto estudante,nos anos 60 e já após o seu regresso de Angola.
Quando eu próprio estive em Angola,ouvi-o na Radio Portugal Livre(Argélia).
Tornei a estar com ele pós 25 de Abril.
Nunca me pareceu um político,nem grande nem pequeno.
Foi e é um poeta.