Amigo
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barcos ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda,amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha
abre os braços e luta!
Amigo,
Antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
De MANUEL DA FONSECA,in "Poemas Completos"
Ilustração tirada de essenciafeminina1.spaces.live.com
Um comentário:
Ah! Mas o Manuel da Fonseca é dos especiais...
«Amigo,
Antes da morte vir
nasce de vez para a vida»
Parace , portanto, que nunca é tarde para nascer para a vida...
O Manuel tinha razão.
Postar um comentário