quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

ANTES QUE SEJA TARDE


Amigo

tu que choras uma angústia qualquer

e falas de coisas mansas como o luar

e paradas

como as águas de um lago adormecido,

acorda!

Deixa de vez

as margens do regato solitário

onde te miras

como se fosses a tua namorada.

Abandona o jardim sem flores

desse país inventado

onde tu és o único habitante.

Deixa os desejos sem rumo

de barcos ao deus-dará

e esse ar de renúncia

às coisas do mundo.

Acorda,amigo,

liberta-te dessa paz podre de milagre

que existe

apenas na tua imaginação.

Abre os olhos e olha

abre os braços e luta!

Amigo,

Antes da morte vir

nasce de vez para a vida.


De MANUEL DA FONSECA,in "Poemas Completos"

Ilustração tirada de essenciafeminina1.spaces.live.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah! Mas o Manuel da Fonseca é dos especiais...
«Amigo,
Antes da morte vir
nasce de vez para a vida»

Parace , portanto, que nunca é tarde para nascer para a vida...

O Manuel tinha razão.