quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

CHORO O AMOR


Choro o amor que não lhe dei
Mais a distância nunca vencida.
A vida toda que há numa vida,
Na hora inerte de ser-se rei.

Sabia histórias que não contava,
Contava coisas que mal sabia,
Límpida água,se evaporava.
Naquela aldeia se diluía.

Tenho na pele a sua pele.
Cal dos seus ossos,nestes meus ossos.
Desci com ela.Desci com eles.
Na transfusão dos seus destroços.

Com que palavras,com que poemas,
Hei-de indagar os seus segredos?

A infância em morte se descomanda.
O cemitério dobra a sinais.

Indiferentes fulgem regatos.
Ondeiam olhos no horizonte.

Fala-se a Língua que há nos retratos.
Diz-se que o Céu fica defronte.

É um manicómio de asas abertas
Que o nosso peso manda encerrar.

Pelas estradas hoje desertas
Cantou o mar.

Corre o silêncio por estes vales.
Um nevoeiro.Não chega a neve.

Nada responde.Ninguém me diz,
Se teve amores ou não os teve.

Se quis morrer ou ser feliz.

Ilustração tirada de XAFARICA
Poema de NATÉRCIA FREIRE

2 comentários:

Anônimo disse...

Belo poema.
Imagem estupenda!

Codinome Beija-Flor disse...

Lindo, lindo poema.
Para~´ens por suas escolhas.
Bjo